A grande
preocupação do ser humano, quando sobra um tempinho para pensar nessas coisas,
tem sido, há séculos, o que fazer para ir para o Céu. Isso, sem abrir mão das
regalias e da familiaridade da velha zona de conforto e, claro, sem abdicar de antigos
hábitos já consolidados pelo tempo. Como há um jeitinho brasileiro para
arranjar tudo, porque não haveria uma maneira de encurtar o caminho para o Paraíso?
Mas, como não poderia ser diferente, hoje sabemos, ou pelo menos desconfiamos,
que as coisas não são tão simples. É o que já aprendemos com as três revelações
enviadas por nosso Pai Celestial – a primeira, através de Moisés, nos ensinava
o que não fazer. A segunda, trazida por Jesus, nos diz o que fazer. E a
terceira, com o advento da Doutrina Espírita, a partir de 18 de abril de 1857,
nos esclarece como fazer. A humanidade,
assim, passou a contar com um roteiro muito claro e seguro, não para nos levar
ao Paraíso, mas para nos conduzir à perfeição, através da eternidade. Algo que,
aliás, parece ser muito mais interessante! Esse é o verdadeiro conhecimento da
verdade que, por fim, nos libertará, como nos garantiu o Mestre Nazareno. Mas,
libertará do que? Da nossa própria pequenez, da nossa milenar ignorância
escravizadora, da fieira das encarnações dolorosas, ou seja, nos libertará do
chão. Afinal, somos seres destinados a alçar altíssimos voos. Nossa sustentação
nessa empreitada se faz pelo apoio em duas grandes asas, em cujo
desenvolvimento estamos empenhados: a moral e a intelectual. O detalhe é que o
processo é longo, operoso e às vezes até oneroso. Só que o sucesso está
garantido, ainda que de acordo com a pressa de cada um, pois absolutamente “nenhuma
ovelha se perderá”. Portanto, vamos nos ater ao que está mais próximo: o
momento atual. E este é, certamente, um dos mais importantes para a humanidade
terrestre. Está em pleno vigor a Determinação Divina de separação do joio do
trigo, com a implantação definitiva do Reino de Deus na Terra. Em outras palavras, com a chegada da Era de
Regeneração, aqueles que não apresentam as condições necessárias para
permanecer no Planeta, são retirados e exilados em planetas inferiores na
escala evolutiva. Portanto, desencarnar e ter o direito de voltar para a Terra,
na atual conjuntura, é um verdadeiro privilégio. Mas que condições seriam estas,
que nos facultariam o retorno ao querido solo da mãe-Terra? Primeiramente,
devemos considerar que a mudança será de categoria: de Provas e Expiações para
Regeneração. Então, se ainda tivermos a necessidade de utilizar recursos
próprios da categoria anterior, como as expiações, definitivamente não
estaremos aptos a habitar o futuro orbe regenerado. E quem são os que ainda
necessitam usar semelhante ferramenta? Aqueles que não desenvolveram em si
mesmos a habilidade de promover seu próprio crescimento evolutivo através do
trabalho no bem, através do amor e da caridade. Para que esse desenvolvimento
se faça, a condição primordial é a identificação dos principais obstáculos que
estão atrapalhando o processo. Nesse sentido, um importante reconhecimento é: quem
é o inimigo número um de todo trabalhador? Não, não é o Chefe nem o Patrão. É o
sofá! Com todas as suas conotações de inação, conformismo e desperdício de
tempo. O tão sonhado mundo melhor se fará com muito trabalho e cabe a nós,
habitantes destas terras, arregaçarmos as mangas. Quando o Criador determinou a
separação dos escolhidos dentre os muitos chamados, Ele apenas iniciou o
processo, fazendo a seleção de pessoal. Dai para frente, a responsabilidade
perante a obra recai sobre os tarefeiros, que devem se investir da condição de
multiplicadores dessa corrente do bem. Portanto, podemos concluir com uma
inegável certeza: o Céu pode esperar. Mas o Planeta Terra não!
Carlos Alberto Ferreira da Costa
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