Purificar é tornar puro, eliminar impurezas, extrair a parte
valiosa do substrato. Em outras palavras, obter do lodo a flor delicada e
perfumada. Este processo, que se repete incansavelmente ao longo de nossas
vidas, tem o poder de retirar de nós mesmos todo o potencial da semente que irá
produzir o anjo. Todas as características deste futuro ser superior são, desta
maneira, arrancadas dele mesmo. Entre elas, obviamente, a mais sublime: o amor.
Como todas as outras características, o amor está presente, desde o início, no
psiquismo do ser. Quase irreconhecível em seus primórdios, a medida em que é
purificado, separado de outros sentimentos menos nobres, passa a mostrar seu
brilho e intensificar a sua poderosa força. O palestrante espírita Haroldo
Dutra Dias, lembra-nos do pai do espírito André Luiz, no livro “Nosso Lar”, que
estaria no umbral, em companhia de suas duas amantes. Sua mãe, então, planeja reencarnar
para novamente recebê-lo como marido e também às duas mulheres, como filhas do
casal. Haroldo completa o raciocínio dizendo da bondade divina, que não quer o aniquilamento daquele amor com
mesclas, mas sim purifica-lo, retirar do sentimento original as nuances de
sensualidade, egoísmo, sentimento de posse e todas as demais imperfeições. É a
este processo, afinal, que damos o nome de sublimação, o ato de tornar sublime
a condição primária, que assim consegue sobressair do entulho que a aprisiona
e distorce. Vivemos na atualidade em um limiar importante, em que a parte
dourada dos nossos sentimentos passa a brilhar mais forte. É quando estamos
prontos para, finalmente, ostentarmos a jóia maior do Criador em nosso peito.
Nosso objetivo agora: desgostar cada vez mais das imperfeições às quais nos
afeiçoamos, em razão da prolongada convivência, para apurarmos nosso paladar e
saborearmos as delícias do amor puro. A mesa está posta. Os convidados já estão
chegando! Quem faz a oração de graças?